Há 13 anos atuando como cerimonialista, Ângela Neres sempre esteve presente nos momentos mais especiais da vida de muitas noivas. Entre uma cerimônia e outra, um pedido começou a se repetir: “Você conhece alguém que eterniza buquês?” A resposta, no entanto, quase sempre apontava para profissionais de outras cidades. Foi então que um desafio mudou tudo.

“Uma noiva me provocou: ‘Ângela, por que você mesma não faz isso? Você tem talento!’ E era verdade. Sempre trabalhei com artesanato, assim como minha mãe e irmãs. O dom corre na nossa família e vem de Deus”, conta.

Com esse empurrão e um olhar atento às necessidades da cidade, Ângela viu uma oportunidade bater à porta — e dessa vez, ela atendeu. Assim nasceu o trabalho com resina que hoje transforma lembranças em verdadeiras obras de arte eternizadas.

Arte que floresce com tempo e técnica

Ângela explica que cada buquê passa por um processo meticuloso. “As flores precisam ser desidratadas primeiro. Cada tipo exige uma técnica específica de secagem, que pode durar até 10 dias. Depois disso, vem a criação da peça em resina, finalização com lixamento, polimento… O processo completo pode levar cerca de 30 dias”, detalha.

As peças variam conforme a complexidade: desde pequenas lembranças pigmentadas, que ficam prontas em até 7 dias, até grandes esculturas de buquês inteiros encapsulados com transparência e brilho.

O toque pessoal está em cada etapa. A noiva participa da escolha do layout, recebendo opções personalizadas para opinar e decidir o design final. “É importante que ela se sinta parte do processo. Afinal, aquele buquê tem um valor emocional gigante”, afirma Ângela.

Da paixão à profissão

Apaixonada pelo que faz, Ângela confessa que o fascínio pela resina só cresce. “A transparência da peça, o brilho, o fato de o buquê da noiva estar ali dentro para sempre… é surreal. Mas também me encanta criar peças úteis, como sousplats, porta-copos e bandejas. A arte também pode estar à mesa.”

Embora os buquês sejam hoje o carro-chefe do ateliê, as peças para mesa posta vêm ganhando destaque e se consolidando como uma nova vertente promissora.

A peça que iniciou tudo

Ângela guarda com carinho a lembrança da primeira peça que produziu. “Foi para a noiva Louise. Ela já me conhecia do cerimonial e confiou no meu trabalho. Isso significou muito para mim. Aquela peça carrega uma história linda e me lembra do poder que minhas mãos têm de transformar algo passageiro em eterno.”

Hoje, o ateliê funciona na casa da artista, no bairro Santo Agostinho, em Volta Redonda (RJ), onde ela atende sob agendamento — inclusive com flexibilidade para noivas que decidem de última hora eternizar seus buquês.

Encantamento à primeira vista

As reações do público não deixam dúvidas: “Muita gente diz que só viu algo assim na TV ou nas redes sociais. Quando veem pessoalmente, ficam encantadas”, diz Ângela, que também compartilha suas criações no Instagram: @artista.angelaneres.

Com técnica, sensibilidade e muito amor, Ângela Neres vem transformando memórias em arte, e provando que em Volta Redonda há, sim, espaço para eternizar sentimentos com beleza, criatividade e talento local.